Uma pesquisa desenvolvida pelo curso de
Agronomia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) resultou na primeira
patente registrada a partir de trabalhos científicos realizados na instituição.
Coordenada pelo professor doutor Guido Nunes Lopes, a invenção beneficiará a
agricultura familiar a partir da produção de biomassa de forma barata e
acessível.
O trabalho, intitulado “Carbonizador
cônico conjugado com módulo de extração de pirolenhoso para biomassa de
interesse agronômico”, teve a patente oficializada neste mês de fevereiro pelo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O projeto foi registrado
com o apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da UFRR, setor encarregado
de prestar auxílio aos pesquisadores do Estado.
Conforme o professor Guido Nunes, o
objetivo foi desenvolver um dispositivo simples e de fácil utilização
ergométrica para a produção de biomassa carbonizada com extração simultânea de
extrato pirolenhoso. Este tipo de produto é utilizado na agricultura familiar
em países como a China, Índia e Japão, por exemplo, como fertilizante do solo.
“Um dos elementos motivadores para
desenvolver o equipamento foi a agricultura familiar, porque vários dos nossos
alunos ou são indígenas ou são da agricultura familiar. Então uma das
características básicas foi fazer algo não muito sofisticado, para otimizar o
custo, utilizar materiais disponíveis e manter a eficiência dos processos”,
explica o inventor.
O coordenador do NIT/UFRR, professor
mestre Rubens Savaris, aponta a relevância histórica e acadêmica que a patente
trará para a UFRR. “A invenção traz benefícios para toda a sociedade roraimense
e a região Norte, colocando a nossa universidade entre as grandes do Brasil,
porque demonstra que temos patente com produção de tecnologia, pesquisa e
desenvolvimento”.
Para o reitor da UFRR, professor doutor
Jefferson Fernandes, a patente beneficia toda a instituição. “É uma alegria
muito grande ver que um investimento que a Universidade vem fazendo,
principalmente na capacitação e na qualificação do seu corpo docente, começa a
dar resultados que a gente considera fundamentais para elevar a nossa
instituição a um patamar de destaque no ranking e no cenário da pesquisa
científica”, destaca.
O professor Guido Nunes explica que a invenção
utiliza a carbonização sem utilização de oxigênio, o que permite decompor
termicamente biomassas como, por exemplo, a palha de arroz. “Nesse processo da
carbonização, a fumaça traz muitos produtos para a gente. É a partir da fumaça,
quando essa fumaça é condensada, que se obtém o extrato pirolenhoso e também o
alcatrão e o creosoto”, disse Guido Nunes.
Os produtos extraídos, segundo o
professor, têm ampla utilização na agricultura como ativadores fisiológicos do
solo ou fertilizantes e até mesmo para controle fitossanitário.
“A pesquisa é antiga e foi intensificada
de 2015 para cá. Antes os trabalhos eram mais a nível teórico. A partir de
2015, diariamente, de segunda a sábado, um conjunto de alunos está trabalhando
de forma prática no Centro de Ciências Agrárias da UFRR para o desenvolvimento
do projeto, fazendo coletas para análise e preparação de amostras”, frisou o
professor.
É docente do Departamento de Solos e
Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Roraima e membro titular
fundador da Academia Roraimense de Ciências. Tem experiência na área de Física
Aplicada ao Ambiente Agrícola, com ênfase em Energia Nuclear na Agricultura,
Sistemas de Informações, Avaliação da Conformidade e também em Editoração
Eletrônica de Revistas Científicas.
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