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Há dois anos, a capital Boa Vista vive momento atípico com a migração desenfreada de refugiados venezuelanos. A situação mudou a rotina da cidade e tem feito com que o poder público municipal busque soluções práticas e emergenciais para minimizar os efeitos negativos na cidade. Uma das fortes atuações da Prefeitura de Boa Vista nesta situação tem sido na área da Educação.
Hoje, o município atende 646 estudantes estrangeiros na rede municipal de ensino, sendo que 564 são de origem venezuelana. Para se ter uma ideia, em 2015, o município atendia apenas 53 alunos venezuelanos. O português se misturou ao espanhol nas escolas e em sala de aula. Aprender as duas línguas tem sido o desafio para crianças brasileiras e funcionários das unidades.
Pensando nisso, a Escola Municipal Carmem Eugênia Macaggi, no bairro Asa Branca, desenvolveu projeto que capacitou servidores no domínio básico da língua espanhola, que também se estendeu aos servidores da Escola Menino Jesus. A voluntária foi a secretária da própria unidade, Tatiana Moura, formada no Curso de Letras (Espanhol) com especialização em literatura hispânica.
Para ela, o projeto busca promover esta integração, melhorar o atendimento a este público e se adequar a realidade. “O projeto surgiu pela quantidade de venezuelanos que, desde 2015, procuram por vagas nas unidades. Então vimos que precisávamos estar mais preparados para atendê-los. O gestor da escola, sabendo que eu tinha essa formação, transformou a ideia em projeto e nós apenas executamos”, disse Tatiana.
Atualmente, as unidades de ensino têm suporte dos técnicos da Coordenação de Ensino Fundamental, habilitados em espanhol, que fazem o trabalho de articular junto ao professor de sala de aula essa ambientação dos alunos venezuelanos à realidade. Algumas escolas, como a Jânio Quadros e Menino Jesus, ainda fazem o trabalho de legenda espanhola em murais da escola, recepção, porta de salas, banheiros, e na cantina.
Iniciativa esta que o casal venezuelano, Josygre Franceschi e Alfredo Luis, vem admirando desde que chegou a Boa Vista há um ano. A família matriculou a filha Isis Paulina, de 11 anos, na escola Municipal Menino Jesus, que segundo eles, vem se adaptando bem com essa facilitação na comunicação entre brasileiros e venezuelanos articulada pela escola.
Há dois anos em Boa Vista, a venezuelana Yris Rodrigues, 35, também está com dois filhos matriculados na Menino Jesus. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas dia a dia, ela tem a alegria de ver o cuidado da escola em promover uma adaptação saudável de Darwin e Letícia Sanchez no ambiente de ensino.
“Estou numa situação difícil em Boa Vista, mas eu não desanimo, porque vejo que meus filhos estão mais felizes aqui do que em Caracas, de onde viemos. Eles mesmos falam que preferem estudar aqui”, disse a mãe com voz embargada de emoção, ao relembrar das dificuldades que passa sozinha para sustentar seus sete filhos.
Além de todo o esforço das unidades em promover essa inclusão no ambiente escolar, a Secretaria Municipal também busca meios de melhorar a integração dos venezuelanos e demais estrangeiros que entram na rede de ensino. O secretário adjunto de Educação, Hefrayn Lopes, explicou ainda a possibilidade da inserção da língua espanhola no ensino municipal.

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